Afeto, pele, sorriso, movimento e poesia.
Por meio de uma intensa conexão com a palavra, meu trabalho expressa a delicadeza com a força que a sensibilidade carrega. Tatuo, ilustro e escrevo. Natural de Londrina, desenvolvo meu trabalho autoral desde 2012, com base em São Paulo. Acredito em potencializar o florescimento humano e o sorriso amoroso por meio da beleza e da poesia.
Minha busca: ajudar a colocar pra fora a festa que há dentro de cada um de nós.
Quando criança, inventava surpresas pela casa. Virava e mexia, alguém percebia algo diferente no meio das coisas pessoais. Se assustava com um rolo de papel caindo do batente da porta, ou encontrava bilhetes dentro da geladeira. Eu não lembro o que eu escrevia nos bilhetes, mas sei que nessa época eu ainda não dizia “eu te amo”.


Olhando hoje, acho que quebrar o fluxo da rotina das
outras pessoas dando "chacoalhinhos" de carinho era minha
forma de dizer o não dito. E demorou pra eu perceber que
essa era uma forma natural de me expressar.
Desde então, meu trabalho tem sido provocar novos olhares
através da leveza e da criatividade, acessando pequenos detalhes
importantes, mas às vezes esquecidos. É sobre colocar o que está dentro pra fora, encontrando um universo lúdico, com a força,
a delicadeza e a liberdade do amor.
Olhando para dentro, a gente pode enxergar o fora de
verdade, e isso tem o poder de transformar o mundo. Acredito que quando temos olhos calmos e frescos, abrimos espaço pra o outro ser com liberdade. A compaixão brota naturalmente, e dá vontade de deixar o espaço em volta melhor e mais bonito para todos. Afinal, é com brilho no olho que buscamos soluções amplas, coletivas,
e novas possibilidades de mundo.
Me formei em Design de Moda pelo Istituto Europeo di Design, e também cursei a University of Arts de Londres. Mas foi trabalhando na extinta Lita Mortari, onde exploravam as vitrines com cenografias feitas à mão, que a inspiração começou a me chamar. Fui morar em
Berlim, estudei diversas técnicas manuais com foco em papelaria e voltei. Até que um coração partido me abriu, fez escrever o que
eu sentia e caí de paraquedas no lettering e na caligrafia.
A partir daí, trabalhei com decoração criativa de festas corporativas, casamentos e também com a criação de presentes únicos e especiais. Todo o material humano contava. Ouvia as histórias pessoais, pescava detalhes e mergulhava amarrando o dentro no fora.
A tatuagem veio um pouco depois, com uma brincadeira de explorar novos suportes e técnicas. Foi ali que vi a força de explorar mais o desenho e a profundidade das conexões. O momento é íntimo e busca deixar visível algo que já existe na pele. Registros, lembretes, sabedorias. A pele é memória, e algumas pedem pra serem visíveis. E mais uma vez: busco costurar o invisível.
O corpo então vem sendo suporte para explorar o que não estamos enxergando. Em 2016, criei um evento onde desenvolvi
um caminho de experiências sensoriais. A sinestesia era palco para ativar uma conexão interna mais profunda entre as pessoas que participavam da trilha. Era sobre a busca por novos caminhos na vida. Eu recebia cada pessoa individualmente, e juntos escolhíamos uma palavra escrita na pele, que guiava o percurso. Depois aconteciam encontros com plantas tropicais, nuvens, balões e pelúcia.
Acredito que esse foi o início do caminho para minha primeira exposição individual, "Descoberta", que inaugurou em Lisboa e
teve fim em São Paulo. Nesse trabalho, através de palavras escritas no corpo nu e estampadas em tecido, performei usando a pele como memória para falar sobre o abuso de mulheres, depois de uma experiência pessoal. Outras mulheres eram depois convidadas a também fazerem o mesmo, formando uma pele coletiva e usando a linguagem invisível do corpo presente.
Na prática, dizer o que faço é uma longa história. Eu olho, observo e vou colando pedacinhos invisíveis, tentando dizer o não dito através da arte. A cola podem ser diferentes materiais, suportes, cores, técnicas, ideias, sensações, lugares e pessoas. Uso a criatividade como caminho de provocação para novos olhares, com rebeldia, amor e poesia.
O objetivo é sempre extrair sonhos e potentes ações de transformação no mundo.
